Os olhos imaginam? Guerra da Meseta ou Guerra dos Setenta Anos? Porque esta guerra vem lá do fundo. Do fundo do tempo e do fundo de nós. E prolongar-se-á em outras guerras. De uma delas restará um capacete com buraco de bala por onde se espreita o Mundo. Espreita um menino, cego de um olho, mas muito, muito vigilante. O seu olhar convoca pessoas, coisas, emoções, fantasias. Um largo desfile. Pai, mãe, irmão, casa, escola, rua, igreja, bordel, bandeiras, jornal, cafés, estafetas a correr, tróleis, pombos que filmam do ar, Sala de Corte e Ablação, sala de interrogatórios, tenentes-censores, generais, o Ductor. Tudo isto num país entalado entre a gigantesca Barreira de betão, que o protege de um Mar permanentemente em fúria, e montanhas intransponíveis. A ironia e o lirismo de Artur Portela levam-nos a ver (e a reconhecer?) uma fantástica República da Istmânia.
E a revisitar um general que enlouquece e sobe aos Céus para capturar Deus. Uma viagem no tempo e num espaço de geometria variável.
Um romance dos cinco sentidos. Seis, porque os olhos são dois. Terrivelmente terno.