Gostaria de Morrer Naquela Noite é um grande título e mais um bom livro de Fernando Chiotte. Provavelmente aquele em que a sua capacidade de ficcionista é tal, que nos leva a pensar que o que lemos mais não é do que tirar esqueletos do armário e acertar contas com a memória.
Em 240 páginas, Fernando Chiotte traça um retrato claro da amizade, dos novos afectos, do romper de outros, de paisagens africanas, das guerras – aquela que viveu e da 2ª Guerra Mundial que vivencia através da memória dos que a viveram, dos ritos judaicos, das leis da sobrevivência, da corrupção, da libertação possível, da destruição que liberta.
Como forma de enquadrar a aventura judaica durante a guerra de 39/45, pinta em curtas mas precisas pinceladas um retrato claro do que foi essa guerra, falando levemente mas de forma definitiva em duas noites tristemente célebres, a das Facas Longas e a de Cristal, degraus significativos do desenvolvimento do ovo da serpente nazi.
Carlos Vieira Reis in Prefácio