«Vieira de Castro não queria perder a vida num remoto canto da província. Queria conquistar Lisboa e o país. E, sobretudo, que o amassem e o admirassem. Queria glória.»
É a partir da biografia deste homem, José Cardoso Vieira de Castro, que, na segunda metade do século XIX foi «um dirigente académico com alguma importância; um jornalista menor; um escritor sem talento; um político sem poder; um criminoso e um degradado» - que Vasco Pulido Valente constrói uma obra que ele próprio classifica como um livro de história: « Não é um livro de história a fingir de romance, nem um romance documental.», mas história em que as pessoas não se iludem.
Glória é um livro sobre a ambição, a paixão, o poder, o dinheiro e o crime.
A palavra «romantismo» e a palavra «romântico» não aparecem neste livro. Para além da radical ambiguidade do termo, que só serviria pra confundir e simplificar, a intenção foi de «mostrar» como agiam , sentiam e pensavam os portugueses letrados de meados do século XIX e não de os meter nos seus casulos.
Claro que se «mostra» o que se vê: aqui como no mais científico dos tratados.
Resta prevenir que tentou-se preservar a linguagem do tempo, citando o mais que se pode, directa ou indirectamente.
Se não se salvasse a linguagem, não se salvava nada...