Kuhn é um jovem com aspirações a músico/compositor que, no alvor da sua juventude, sofre um acidente que o deixa deficiente de uma perna, ficando condenado a coxear. No auge do seu desespero, tem uma experiência epifânica que, repetindo a mundividência medieval, lhe mostra o mundo como estrutura musical. Dessa vivência quase mística, resulta uma sonata para violino e uma Lied que lhe grangeará a amizade de Heinrich Muoth, um cantor de ópera, e que lhe abrirá as portas do êxito.
Kuhn segue Muoth e em R. conhece Gertrud, filha de um melómano e mecenas, por quem ambos se apaixonam. Gertrud desempenha um papel fundamental na vida profissional e pessoal de Kuhn, embora acabe por se decidir por Muoth. Este – empolgado cantor operático e pessoa de paixões instáveis e furiosas – destrói todas as mulheres com quem vive devido ao seu temperamento exaltado e mórbido.
Gertrud é uma obra de uma beleza absolutamente espantosa, que revela a irredutabilidade da arte (da música) à vida. A música assume-se exclusiva, devoradora da capacidade de amar das personagens, de (sobre)viver à realidade quotidiana.