Pela boca de um dos seus personagens, Manuel Vázquez Montalbán apresenta aqui o tema central deste seu romance: «Jesús de Galíndez Suárez. Jurista e escritor basco nascido em Madrid em 1915. A mãe morreu quando era pequenino e foi educado pelo pai, que era médico. Jesús de Galíndez estudou na Universidade Complutense de Madrid e foi um jovem professor adjunto de Sánchez Román, catedrático de Direito Político que teve como professores adjuntos tanto um futuro ministro do Interior de Franco como juristas leais à República. Durante a sua permanência em Madrid, Galíndez militou nas juventudes universitárias do Partido Nacionalista Basco e quando rebentou a guerra foi um dos ajudantes de Manuel de Irujo, ministro da Justiça, e basco também. De facto, dedicou-se a salvar civis perseguidos pelos incontrolados, freiras incluídas, a sua lealdade à República era uma estrita lealdade para com o País Basco cujas liberdades estavam ameaçadas pelo franquismo. Quando a guerra acabou fugiu para França e dali passou para a República Dominicana, onde exerceu como professor de Direito e advogado de conflitos de trabalho. Em 1946 mudou-se para Nova Iorque onde desenvolveu grande actividade como organizador de grupos antifranquistas, chegando a ser representante do PNV na ONU e no Departamento de Estado. Entretanto, preparava a sua tese sobre Trujillo, o ditador dominicano, que apresentou na Universidade de Columbia em Fevereiro de 1956, apesar das pressões do próprio Trujillo e seus colaboradores do lobby dominicano nos Estados Unidos para que não a apresentasse. Dias mais tarde, exactamente a 12 de Março de 1956, era sequestrado e nunca mais se ouviu falar dele.» No seu romance, Manuel Vázquez Montalbán reconstrói as circunstâncias do assassinato de Galíndez, com recurso a uma complexa arquitectura romanesca que faz deste livro uma das melhores obras do autor.