De caneta em punho, joguei ao lado de Figo, de Deco, de Rui Costa, de Ronaldo. Defendi, com Ricardo, sem luvas, o último pontapé dos ingleses e, com ele, corri para a bola e marquei o golo que desempatou e mandou os ingleses de volta para a sua ilha. Na final, confesso, senti-me mais no banco do que em campo. Creio que houve um excesso de mobilização, de tensão, de barcos, de motos, de buzinas. Os gregos cantavam a plenos pulmões e os portugueses estavam cansados, tinham a boca seca ou um nó na garganta. E eu no banco [...]. Fosse como fosse, meio século depois dos golos marcados no Largo do Botaréu, em Águeda, eu tinha chegado pela prosa a um campeonato da Europa de futebol.