Aquando da sua consagração como arcebispo de Cantuária, no ano da graça de 1273, Robert Kilwardby, doutor e pregador dominicano, recorda a juventude, iluminada pela figura de Myram, o grande e único amor da sua vida.
Quarenta anos antes, acabado de chegar a Paris, apaixonara-se por essa jovem judia, filha de um copista e mestre-escola hebreu.
Uma paixão correspondia que constituía uma transgressão absoluta, à qual o pai de Myram reage obrigando-a a desposar Jacob Anatólio, o famoso provençal.
A partir de então, Robert não cessa de reencontrar Myram. De Paris a Roma, depois em Nápoles, passando por Troyes, Dijon, Aix e Marselha, num turbilhão de personagens reais, como o filósofo Michael Scot, São Luís, o sábio português Pedro Hispano, a dama Paula, douta e libertária, ou imaginárias, como Godofredo, estudante amador de saias, num fundo de rivalidades entre o Papa e o imperador Frederico II, de discussões teológicas, de pergaminhos proibidos, mas também de autos-de-fé, de exorcismos, de experiências alquímicas, a aventura apaixonada dos dois jovens recria-nos, na sua fulgurante diversidade, a Idade Média, viveiro de sedentos do absoluto e da verdade.
Numa época de intolerância e de dúvidas, tão semelhantes à nossa, Robert e Myram encarnam a liberdade do amor.