Flatland é um romance revolucionário onde grande parte da acção se passa num universo a duas dimensões, habitado por toda a espécie de figuras geométricas. O narrador do livro, ele próprio um quadrado residente neste imenso território bidimensional, leva-nos a percorrer com notável rigor matemático outros mundos com apenas uma dimensão, ou com três, e entreabre o caminho para discutir outras dimensões. Se cientificamente Flatland é sem dúvida um livro excepcional, antecedendo em vários anos conceitos discutidos pela física moderna — como a relação espaço-tempo —, literária e teologicamente é também um testemunho notável. E se, a certo ponto, pode ser chocante a aparente misoginia do autor, cedo se torna evidente que estamos perante uma das mais mordazes sátiras sociais aos hábitos vigentes durante a época vitoriana.