Em 1814, o pequeno Napoleão II, rei de Roma, vê as suas roupas e os seus brinquedos, os seus amados soldadinhos, serem embrulhados à pressa. Tem de fugir, tem de abandonar Paris antes que os inimigos do pai cheguem. Ainda não sabe que até ao fim da sua vida não voltará a ver as amadas Tulherias. Também não voltará a ver o seu próprio pai. Depois de uma longa viagem com a mãe, Maria Luísa, encontra refúgio em Viena, na corte do Imperador Francisco I. Ali chegado, inicia-se um penoso percurso de contra-educação com efeitos devastadores. Não será mais Napoleão, rei de Roma, menino francês com um destino glorioso, mas sim Franz, duque de Reichstadt, educado para se tornar um perfeito jovem nobre da corte dos Habsburgo. Franz cresce entre atitudes rebeldes, melancolias e esperanças tardias de retomar aquele lugar de grandiosidade que lhe tinha sido destinado antes do nascimento.
“Uma vez, por se ter comportado particularmente bem, foi-lhe perguntado que prenda desejava e ele respondeu que teria querido ser livre, para se rebolar na lama”.
O filho do Império é um emocionante romance histórico de rigor documental e talento narrativo. Num fascinante jogo de espelhos, a autora alterna páginas de grande sensibilidade interior com os cenários históricos da época: desde o regresso dos Bourbon ao trono de França, aos cem dias de Napoleão, de Waterloo ao Congresso de Viena e à Restauração. Oferecendo um retrato convincente da condição humana numa época de grandes mudanças, Francesca Sanvitale procurou a inatingível verdade da história que, com a passagem do tempo, se tornou uma verdade poética.