Dois breves romances que constituem uma das composições literárias mais conseguidas do autor.
A FILHA DE AGAMÉMNON
Numa das tribunas oficiais, por ocasião das cerimónias do 1.º de Maio, em Tirana, um dos convidados, seguindo com o olhar o interminável desfile das delegações, tem de repente a sensação de distinguir, entre bandeirolas e retratos de altos dirigentes do país, o do antigo comandante-chefe grego Agamémnon.
Alucinação? Ou efeito do torpor de um homem abatido pela separação da sua bem-amada?
Se fosse só isso... O reaparecimento da figura do herói de Tróia, reputado por ter sacrificado a filha Ifigénia às razões de Estado, constitui a base imemorial na qual assentam os acontecimentos descritos neste romance: a perturbadora história de um amor arrebatado de imprevisto e despedaçado pela engrenagem glacial da máquina estatal.
O SUCESSOR
Que se passou durante a noite de 13 de Dezembro nos aposentos do ¿sucessor designado¿, cujo cadáver foi descoberto ao nascer do dia com uma bala em pleno coração? O mais recente romance de Ismaïl Kadaré inspira-se no maior enigma da história da Albânia contemporânea: a morte misteriosa do delfim do ditador comunista albanês Enver Hodja. Ainda hoje, um quarto de século após o seu desaparecimento, e uma dúzia de anos depois da queda da tirania vermelha, não obstante a abertura dos arquivos de Estado e a publicação de intermináveis investigações, o segredo permanece. Partindo de um acontecimento real ao qual soube conferir uma dimensão universal, Ismaïl Kadaré, através da personagem de ¿o sucessor¿, soube acrescentar um novo membro à família dos grandes arquétipos da literatura mundial, ao lado de Judas, Agamémnon, Bruto, Joseph K., entre outros.