Esta obra, em edição muito cuidada, organizada pelo historiador António Borges Coelho, constitui um importante documento da história portuguesa, enriquecido pela inclusão de muitas dezenas de desenhos e por 25 pinturas temáticas originais do pintor Rogério Ribeiro, e visa alargar a um maior número de leitores a fruição destes tesouros da cultura medieval portuguesa.
Excerto:
Algumas palavras de Fernão Lopes perdem-se na noite da língua. Ganharam novas letras, perderam algumas das antigas. Aumentaram o corpo ou encolheram: o "fuão" engordou para "fulano". A frase está próxima da fala. Mesmo presa no papel tem som. E se a dizemos, ouvimos o marulhar do tempo.
Não empastela para fazer bonito. Só entoa largo na voz dos pregadores. Em frases curtas ilumina as figuras, enreda-as nas teias do amor ou do ódio, faz andar e ferver as multidões. Certos capítulos são retábulos onde lemos e ouvimos os actores na sua nua humanidade.
O quotidiano entra com o seu ruído e falas nas informações históricas e jurídicas. Fernão Lopes é de algum modo, como tem sido dito, um antepassado do repórter.comentários Coloque aqui o seu comentário - Fernão Lopes