Mesmo quase cinco séculos depois, Fernão de Magalhães continua a ser uma personagem-tabu, senão mesmo maldito. Navegador português, combatente na Índia e no Norte de África, desprezado por D. Manuel I, acabou por propor a Carlos V de Espanha a realização da primeira viagem de circum-navegação.
Seduzido por tão audacioso projecto, o rei-imperador pôs-lhe à disposição uma armada de cinco navios, com uma tripulação de 240 homens. A 21 de Setembro de 1519, partiram de Sevilha.
Pelo caminho, quase tudo aconteceu: a fome, o escorbuto, a amotinação, os combates nas terras em que desembarcavam, a passagem do estreito que ficaria célebre (na separação entre o Atlântico e o Pacífico), os ventos desesperantes, as vagas alterosas, os redemoinhos infernais... Até à fatalidade de um combate contra um grupo de autóctones na ilha de Cebu (Filipinas). E assim morreu tragicamente um dos maiores navegadores portugueses, universalmente reconhecido como tal. Foi em 1521.
Ao fim de três anos de provocações e de dramas, 18 sobreviventes, a bordo do único navio que restara, regressam a Sevilha. Ficava completa a primeira volta ao mundo por via marítima. E ficava também provado que, afinal, a terra é redonda.