José Eduardo Agualusa, a propósito de «O Fazedor de Utopias - Uma Biografia de Amílcar Cabral», escreve: «Amílcar Cabral nasceu guineense e cabo-verdiano, numa generosidade pan-africanista que, paradoxalmente, haveria de ser a sua desgraça. Tenho para mim que foi uma das figuras mais interessantes do século XX, uma espécie melhorada (muito melhorada mesmo) de Che Guevara africano. O facto de o seu nome e de a sua obra dizerem hoje tão pouco às novas gerações de intelectuais africanos, e de ser praticamente desconhecido fora do continente, afigura-se-me uma enorme injustiça. Este livro tenta devolver ao grande público essa figura maior de África. Fá-lo numa linguagem jornalística, apoiada numa investigação rigorosa. O facto de o seu autor, António Tomás, ser angolano, não me parece irrelevante. Trata-se de dar a ver um pensador e combatente africano numa perspectiva africana. Algo que teria certamente agradado a Amílcar Cabral.»
Os factos da vida de Amílcar Cabral são mais ou menos conhecidos: nasceu na Guiné, Bafatá, em 1924, de pais cabo-verdianos; estudou agronomia em Portugal e fundou o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), movimento na vanguarda das independências dos países africanos de expressão portuguesa. Morreu, em Janeiro de 1973, às mãos dos seus próprios homens, numa conspiração cujos contornos ainda não se conhecem na totalidade.
Nesta biografia, a primeira de grande fôlego sobre um líder nacionalista africano, António Tomás não se limita a reconstituir a vida de Amílcar Cabral. Dá igualmente conta da época conturbada em que se desenrolou a gesta nacionalista africana.
Numa linguagem simples e acessível, «O Fazedor de Utopias - Uma Biografia de Amílcar Cabral» é também uma reflexão lúcida e perspicaz sobre os movimentos de libertação, quando já se tornaram obsoletos os ideais que lhes deram fundamento.