Ao longo de todo o período da I Grande Guerra (1914-1918), esteve fundeado no porto de Palma de Maiorca um barco alemão, chamado Fangturm, que apenas dele saiu, como despojo e indemnização de guerra para a França, em 1919.
Verdadeiro barómetro dos acontecimentos da guerra, e participante ativo nas ações pró-germânicas, nomeadamente no que respeitou à espionagem, ao afundamento de navios, ao contrabando de guerra, Fangturm, foi, sem dúvida, testemunha e ator, quer das mais evidentes manifestações de entusiasmo, quer das crises dos impérios. Foi, igualmente, o objeto das angústias aliadas, bem como o símbolo da luta entre os dois campos beligerantes em pleno país neutral.
Personalidades regionais de relevo, como é o caso do senador Pou, do arquiduque Luis Salvador da Áustria, de Juan March, e figuras internacionais, como Gertrude Stein, cruzam estas páginas em episódios verídicos, desencadeados por um pequeno grupo de aliados liderados pelo cônsul de França que, tenazmente, lutou durante anos para alterar as simpatias pró germânicas dos baleares.
Para além de homenagear as figuras de segunda linha – que são os verdadeiros obreiros da maioria das ações – e, neste caso em particular o cônsul de França e sua mulher, meus avôs, este livro ficcionado traz à colação uma realidade muitas vezes esquecida: as guerras não se vivem apenas nos campos de batalha.