Nestas páginas, a realidade é tratada com o engenho dos ficcionistas.
Hugo Gonçalves escreveu um livro que, texto a texto, se vai cosendo a si mesmo, um caminho de histórias que, em algumas ocasiões, chegam a tocar-se, um diário do mundo actual que parece ser também o diário do próprio escritor.
Contando histórias, retratando pessoas, olhando a vida pelo buraco da fechadura ou mergulhando bem fundo - ossos, carne e coração - na tarefa de escrever diariamente para o jornal i com apuro literário e olho jornalístico, Hugo Gonçalves mistura-se com estrangeiros perdidos nas ruas de Lisboa, donzelas do Chiado, nova-iorquinos numa mesa de bar ou malandros cariocas na favela do Cantagalo.
Nestas páginas, a realidade é tratada com o engenho dos ficcionistas. E as histórias inventadas pela imaginação do autor acontecem quase sempre na realidade que nos rodeia - uma rua de Lisboa, um quarto de motel, uma viagem de avião. Nestes relatos e confissões, o autor entrelaça a realidade e a ficção de uma forma desconcertante, visita a infância, a memória colectiva, os tiques de um povo, o amor, o sexo e outros lugares magníficos.