"Os Descobrimentos são o cadinho onde se forjam um tipo social novo chamar-lhe-emos o cavaleiro-mercador? uma nova constelação social o senhorio capitalista , uma reestruturação dos laços político-económicos o Estado nacional mercantilista-nobiliárquico. Velhas formas e velhas atitudes mentais vestem e enformam actividades jovens, exercendo-se em quadros geográficos dantes insuspeitados para onde se transpõem experiências e rotinas vindas de trás. De cerca de 1409 a cerca de 1475, a expansão portuguesa alterna entre as modalidades e feixes de objectivos vários. A um lado, uma política de conquistas territoriais pela «cruzada» contra o Islame maghrebino; a outro, a metódica devassa do oceano desconhecido para desenvolver os circuitos mercantis, e colonização dos arquipélagos ermos. Crise financeira da nobreza e necessidades de mercados, e escápulas da burguesia. O ouro do mundo negro como alvo dominante, mas também os escravos, as cores tintoriais, o trigo e o açúcar. Políticas ora acerbamente opostas ora em convergência. Forma-se assim um complexo económico-social de configuração geográfica bem desenhada: abrange o Noroeste africano?Marrocos, Sáara e Sudão atlânticos, bem como as ilhas dos Açores, Madeira, Cabo Verde, Canárias.A expansão quatrocentista portuguesa, inclui correspondência trocada entre o autor e a Comissão Henriquina do Estado novo, que encomendou e acabou por recusar este livro, por ser «demasiado económico, quase marxista»"