À primeira vista [os desenhos de Puig Rosado] parecem brotar de imagens do folclore. A leveza, o encantamento e a simplicidade das pessoas que habitam as suas paisagens fantásticas, o brilho das cores orientais, as sombras, tão ricas quanto a sumptuosidade de uma praça de toiros espanhola, aparentam fazer parte de uma desarmante e jubilosa tradição.
Atraem-nos e aproximamo-nos. Demasiado tarde, apercebemo-nos de que caímos na suculenta armadilha de uma orquídea carnívora. As coisas não são o que parecem. Com um prazer arrepiante, apercebemo-nos de que somos vítimas indefesas da terceira dimensão de Fernando Puig Rosado, do seu sentido de humor cortante. Uma fachada naïf esconde habilidosamente uma deliciosa mas certeira ferroadela. [Ronald Searle, Paris, Junho de 1973]
Puig Rosado nasceu a 1 de Abril de 1931 em Don Benito, Espanha. Após os seus estudos de medicina em Espanha, mudou o rumo da sua vida dedicando-se ao desenho humorístico e iniciando assim a carreira de cartoonista. Em 1960 estabeleceu-se em França, onde trabalhou na imprensa juvenil (Astrapi, J’aime lire, Okapi, Phosphore, etc.). Publicou também os seus desenhos na Suíça, Inglaterra e Espanha. Trabalhou em publicidade, edição escolar e desenho de animação. Com os cartoonistas Desclozeaux e Bonnot fundou, em 1967, em Avignon, a Sociedade Protectora do Humor. Recebeu o Grand Prix de l’Humour Noir Grandville em 1976 e o Grand Prix de l’Humour Tendre no Salon International du Dessin de Presse et d’Humour de Saint-Just-le-Martel em 2000, ex-æquo com Véronique Deiss.