Ao contrário do que ainda se possa pensar, a teoria das formas e dos conteúdos literários em Portugal não é menos cultivada do que a criação poética ou ficcional. E períodos há em que a doutrinação, talvez estimulada pelo pragmatismo vigente, alcança elevados níveis, seja de quantidade seja de qualidade, como é o caso do Barroco e do Realismo. Uma visão de conjunto do pensamento teórico voltado para a obra literária impunha-se, por conseguinte, não só em função desses mesmos ensaios parcelares como também porque parece chegada a hora de se proceder a um balanço nessa vultosa produção teórica. Em suma, analisar como foram pensados e sistematizados os «ismos» mais significativos que percorrem a actividade literária portuguesa desde a Idade Média até aos nossos dias, eis o escopo que se tem em mira.