«Depois acontecia aquela coisa peculiar. Sentava-me numa cadeira de convés sob o delicioso sol de Outubro, com o deslumbrante Atlântico azul todo em meu redor e tentava imaginar como seria Nova lorque.
Tentava ver a 5ª Avenida, Central Park ou Greenwich Village, onde todos pareciam ser estrelas de cinema, eram magnificamente bronzeados e tinham luminosos dentes brancos.»
Frank McCourt chega à cidade de Nova lorque, naquele Outono de 1949, com os olhos inflamados, os dentes estragados e um sotaque cerrado que lhe denuncia de imediato a origem irlandesa.
Os sonhos que acarinhou durante os dias de viagem vão-se desvanecendo no confronto com a sociedade nova-iorquina dos anos 50, com os seus encantos, desilusões e sofrimentos, a rigidez das suas hierarquias, a brutalidade dos seus preconceitos em relação aos imigrantes.
É com o mesmo espírito delicado e inquebrantável, que cativou tantos leitores em As Cinzas de Angela, que Frank inicia a sua jornada de sobrevivência, de fracassos e glória no contexto de uma vida nova, independente.
Mas é somente quando começa a ensinar e a escrever que McCourt encontra o seu lugar no mundo e realiza, enfim, o sonho americano.
A voz incomparável deste narrador, que concilia, com uma naturalidade quase chocante, a dor mais aguda e a hilariedade, que torna fascinantes e profundamente humanos episódios de um quotidiano sórdido, entoa nesta obra um hino à cultura e à aprendizagem, lírico, pungente, apaziguado apenas pela sua capacidade inteligente e única de fazer humor.
Uma das sequelas mais aguardadas dos últimos tempos, Esta É a Minha Terra, que é já um bestseller, promete igualar o enorme sucesso editorial de As Cinzas de Angela.