Rosa, a narradora-personagem, encontra na escrita a realização pessoal que a vida parecia querer negar-lhe. A trajetória da sua formação vai-se construindo por etapas: o aconchego familiar da infância e da adolescência, o amor nas suas cambiantes ora ilusórias e decetivas, ora salvíficas, a perda trágica dos pais – pilares em que assentava a placidez rotineira dos seus dias de mulher jovem –, a separação dos irmãos, que, por imperativos pessoais, partem em busca do seu próprio caminho. A superação da angústia do seu quase isolamento reside no estudo, materializado num curso universitário que lhe vai abrir, também, a possibilidade de se reconciliar com o amor. Preenchida, agora, com o apetrechamento científico-cultural que lhe faltava, a protagonista consolida a sua verdadeira paixão, a da escrita enquanto Arte, embora nunca descurando os laços de pendor maternal que a ligam à sua irmã mais nova, Cecília, a quem chama Esperança, nome de ressonâncias oníricas e metafóricas. A Esperança da inspiração, da fruição estética, da dimensão catártica, do amor. Amor e Arte, Arte e Amor. Afinal, qual a diferença?