«UMA NOITE, ESTOU NO MILORD E VEJO BORIS VIAN. TOPO O TIPO, PÁLIDO SOB OS PROJECTORES, BALANÇANDO TEXTOS ULTRA-AGRESSIVOS DIANTE DE UMA PLATEIA EXTASIADA. NESSA NOITE, FOI COMO SE ME TIVESSEM DADO UM MURRO NO ESTÔMAGO. ELE TINHA UMA PRESENÇA EM PALCO ALUCINANTE MAS, AO MESMO TEMPO, DOENTIA; STRESSADO, PERNICIOSO, CÁUSTICO. FOI AO OUVI-LO QUE DISSE A MIM PRÓPRIO: POSSO FAZER QUALQUER COISA NESTA ARTE MENOR...»
SERGE GAINSBOURG
«Sexualmente, quer dizer com a minha alma», escreveu Vian. É uma alma plena de Liberdade, título de um dos textos aqui contidos, que o leitor descobre nos Escritos Pornográficos: a liberdade de amar sob todas as formas, de o dizer sem falsos artifícios; a liberdade da dimensão carnal do amor, que revela as suas luzes e sombras. 50 anos depois da sua morte, a primeira tradução portuguesa de Escritos Pornográficos sublinha uma clara evidência: Boris Vian, o alquimista da linguagem e das formas, passou como um meteorito no meio do século XX, deixando um rastro ofuscante, enigmático e inspirador – que nunca se apagará.
Ilustrações de Pedro Vieira.