Publicado pela primeira vez em 1973, «Véspera da Água» é um dos livros de Eugénio de Andrade onde, porventura, está mais presente o ofício da poesia e o exercício extremo da razão e da depuração da escrita. Disse Eugénio de si próprio não ser «[…] um poeta inspirado, o poema é em mim conquistado sílaba a sílaba.» Como diz Carlo Vittorio Cattaneo, «Esta predisposição a racionalizar o processo criativo encontra um dos seus mais altos momentos em "Véspera da Água", uma obra dentre as mais complexas e homogéneas do poeta.» O prefácio da presente edição é assinado por Federico Bertolazzi, que nos lança este repto: «O leitor que estiver disposto a abandonar o cais seguro das suas certezas poderá empreender a mais fascinante das navegações, num domínio para ele descortinado […].»