Em A Era do Vazio. Ensaios sobre o Individualismo Contemporâneo, obra publicada inicialmente em 1983 e que ganhou contornos de clássico, Gilles Lipovetsky analisa a sociedade dita pós-moderna e disserta sobre as novas atitudes do indivíduo que se manifestam no mundo ocidental, atitudes essas que, segundo ele, traduzem uma perda de importância da esfera pública, bem como das suas instituições colectivas (sociais e políticas), que vai cedendo perante a emergência do individualismo de tipo narcísico e hedonista, naquilo que seria uma «segunda revolução individualista».
Este texto seria o ponto de partida para um corpus, fecundo, que se tem vindo a debruçar sobre temas como a hipermodernidade, o individualismo, o consumo, a globalização e o indivíduo, a estética capitalista.
Esta nova edição integra o Posfácio escrito pelo autor para a edição francesa, em 1993, bem como um Prefácio de Manuel Maria Carrilho, que há três décadas estuda e acompanha a obra de Lipovetsky.
«É sempre uma imagem paradoxal da sociedade que, finalmente, resulta dos trabalhos de Lipovetsky, uma imagem decantada por uma minuciosa atenção fenomenológica aos comportamentos individuais e coletivos, uma atenção tão intensa como o é a suspeita que nutre em relação às teorias globalmente críticas e militantemente denunciadoras da contemporaneidade. É essa fenomenologia que traça o quadro complexo, e basicamente antinómico, da desestruturação que acompanha o aumento da informação, da instabilidade que atravessa a maturidade, da superficialidade que corrói a crítica, do delírio que se combina com o realismo, num movimento em que o próprio relativismo surge como o único modo de pensar os valores.»
Manuel Maria Carrilho, do Prefácio