Este livro integra um conjunto de crónicas da autoria de Manuel Matos e publicados ao longo dos últimos sete anos no jornal A Página da Educação. Estas crónicas foram organizadas em seis unidades temáticas. A primeira constitui uma espécie de “pano de fundo” para a abordagem de um conjunto de questões educativas que vão desde a formação dos profissionais de educação até às tensões entre desescolarização e hiperescolarização do educativo, passando pelos quotidianos escolares, as políticas da educação e o ensino secundário.
Apesar de as crónicas poderem ser consideradas textos de circunstância, ou «escritos perecíveis», como diz José Luís Fernandes, e de as boas crónicas poderem ser textos circunstanciados de circunstâncias, a verdade é que os leitores deste livro (mesmo aqueles que, como eu, foram «leitores militantes» das crónicas de Manuel Matos) poderão familiarizar-se com uma postura analítica rara no mundo académico, onde o rigor e a criatividade analítica constroem e permeabilizam os dramas e sofrimentos do quotidiano. A autenticidade da análise produz-se, assim, no exercício do gosto pelo pensar crítico, apoiado numa militância ética, cívica e política, em suma, apoiado numa militância humana.
Fieis a esta atitude analítica, estas crónicas que se transfiguraram num livro de referência da análise das recentes evoluções do campo educativo têm, do meu ponto de vista, por panos de fundo três preocupações centrais que são, aliás, anunciadas no primeiro capítulo.