Hisham Matar tem dificuldade em lembrar-se da sua infância, a não ser dos seus nove anos, por ter sido o último ano que passou em Tripoli, na Líbia. Nesse ano, 1979, o regime de Kadafi entrou numa fase de repressão e o pai de Hisham, por ser um diplomata, foi nomeado para uma lista de pessoas a serem interrogadas, o que era um processo perigoso pois a maioria destas pessoas eram presas ou executadas. A sua família fugiu para o Egipto, onde os seus pais vivem ainda hoje. Em Terra de Homens tem como narrador um homem exilado que revê a sua infância na Líbia, e embora não seja realmente uma autobiografia este livro é inspirado na vivência do autor. Numa tarde quente em Tripoli, Suleiman está no mercado com a mãe. O pai está no estrangeiro numa viagem de negócios, mas Suleiman tem a certeza que acabou de o ver do outro lado da rua com óculos escuros. Porque é que o pai não o cumprimenta? Porque é que não vem ao encontro deles? Suleiman conta como cresceu num mundo desconcertante e aterrorizador onde o melhor amigo do seu pai desaparece e é visto no dia seguinte numa execução pública na televisão; onde um homem estranho fica sentado todo o dia em frente a sua casa e faz perguntas estranhas; onde a sua mãe e o seu tio queimam todos os livros do pai, quando este parece ter desaparecido para sempre. Brevemente os medos, os segredos e as mentiras tornam-se tão intensos que Suleiman não consegue aguentar mais e no seu esforço para salvar a família pode acabar a trair os amigos, os pais e até mesmo ele próprio. Em Terra de Homens foi nomeado para o Man Booker Prize e para o The Guardian First Book Award.