Ema, uma menina de Lisboa, é a filha mais nova de uma família burguesa, que, no período da Revolução, se vê obrigada a mudar-se para uma propriedade no campo. Conhecendo todos os segredos da terra, Ema tem o dom de comunicar com a vida e os outros de forma misteriosa e especial. Com o fim da idade da inocência, a sua felicidade, no entanto, só é plenamente conseguida depois de satisfazer o seu desejo de maternidade.
Felismina, uma rapariga pobre, anormalmente recatada para a época, cresce nos arredores de Lisboa. Educada por uma mãe cruel e manipuladora, consegue libertar-se das amarras da sua vida de miséria. Sai de casa, muda de identidade, passa a chamar-se Mi Sores, e o seu aspeto, outrora macilento e triste, passa a ser sofisticado e luminoso.
O destino destas duas mulheres cruza-se inesperadamente quando o bebé de Ema é raptado. O pesadelo vivido pela mãe desencadeia uma teia de mistérios e revelações surpreendentes.
Em Nome do Filho de Luísa Castel-Branco
Excerto:
«Fora sempre uma boa menina. Sobrevivera à crueldade incomensurável da sua querida mãe, à morte em vida do pai, tão transparente como uma folha branca, tão incapaz de a ajudar ao longo daqueles anos.
Sobrevivera ao terror, que o medo há muito que tinha sido ultrapassado, ao demónio que aquela mulher encarnava. E depois, quando subitamente tivera a oportunidade da sua vida, trabalhara arduamente para ser alguém, mas sobretudo para poder fugir daquele inferno.»