Recebemos dos nossos progenitores uma herança biológica e outra cultural. A primeira constitui-se na transmissão de características codificadas nos genes, enquanto a última terá por base a transferência cumulativa de hábitos, educação e cultura, uma série de experiências e conhecimentos adquiridos por imitação e instrução.
Se hoje é fácil aceitar que as características fisiológicas e estruturais dos seres vivos sejam induzidas por genes, não é ainda tão linear a compreensão de que estes possam influenciar também o comportamento, o perfil psicológico, as emoções, os sentimentos e até as convicções morais e éticas.
Nesta viagem às origens biológicas do comportamento humano, visitamos os diversos factores de expressão dos genes e o modo como estes, ao mesmo tempo, se moldam e influenciam o meio ambiente, numa dicotomia entre o que está na natureza humana e aquilo que se adquire com a educação e a cultura. Iremos ao encontro de uma área do conhecimento com interesse científico recente, a genética do comportamento, debruçando-nos sobre toda a variação que é introduzida no comportamento humano por genes únicos, sistemas de genes múltiplos e mutações genéticas, bem como através de toda a informação recebida nos ambientes que são experimentados, quer antes quer depois do nascimento, e muito em particular daquele que cada um de nós, por razões genéticas, apreende e vive em exclusivo.