Empreende-se neste livro o estudo da recepção do Naturalismo francês nas literaturas portuguesa e espanhola do último quarto do século XIX, com particular incidência nas obras de dois dos seus autores mais representativos: Eça de Queirós ocupa a posição de destaque que lhe advém do facto de ter sido o primeiro escritor ibérico a adoptar as técnicas narrativas introduzidas por Flaubert e instituídas por Zola; entre os escritores espanhóis, é atribuído particular relevo a Leopoldo Alas "Clarín", o principal crítico e também o principal romancista que o movimento naturalista gerou no país vizinho. São, claramente, dois escritores com formação literária idêntica, pois o "provincianismo universal" leu e aprendeu com os mesmos autores que interessaram ao cônsul cosmopolita. No entanto, as obras dos dois romancistas e a sua recepção reflectem também as subtis divergências igualmente existentes entre os naturalismos português e espanhol, que podemos sobretudo relacionar com o acolhimento mais célere da estética naturalista em Portugal e com a diferente projecção que teve nos dois países e ideologia positivista. Além disso, Clarín e vários outros escritores espanhóis da mesma época foram também leitores de Eça.