A explosão tinha-me ensurdecido, mas não senti nem medo nem surpresa.
As emoções estão dependentes da compreensão, e enquanto eu registava o acontecimento, nada fazia sentido.
Se eu tivesse morrido naquele momento, não teria sentido o menor arrependimento, e compreendi quão libertadora a morte repentina deve ser.
Isto era pura sensação sem estar ligada à razão.
A parede da frente tinha desaparecido e uma cratera apareceu onde antes estava a mesa da entrada.
O foyer estava a descoberto, rodeado de coroas de madeira queimada e gesso, ardendo alegremente.
Enormes flocos de azul-claro e castanho-claro flutuavam no mar e caíam como neve.
As mercearias estavam espalhadas por todo o jardim, cheirando a pickles, cebolinhas de cocktail e whisky.
Tinha compreendido tanto o que via como o que ouvia, mas a capacidade de raciocinar ainda não tinha chegado até mim.
Não fazia ideia do que se tinha passado.
Não me conseguia lembrar daquilo que tinha acontecido apenas momentos antes, ou como isto podia estar relacionada com acontecimentos anteriores.
Aqui estávamos nós nesta nova configuração, mas como é que isto tinha acontecido