«Não do cinéfilo clássico que trata este pequeno manual cómico e erudito. David Kamp e Lawrence Levi pensam numa criatura mais recente, cujo modelo não é Truffaut mas Tarantino. O «snob» que eles gozam conhece as referências canónicas mas exibe um gosto mais contemporâneo e abrangente. Não cresceu em cinematecas mas em lojas de vídeo, não cursou cinema mas estudou atentamente os extras dos DVD da Criterion. É um elitista populista, que usa termos como "diegese" ou "meditação sobre o desejo", mas tem um fraquinho por filmes mexicanos de luta livre, musicais de Bollywood, por géneros como o giallo e o peplum. O cinéfilo snob ainda frequenta as altas esferas, a Nova Vaga Iraniana, digamos, mas nada lhe dá mais gozo de que os filmes "esquecidos", "menores", "malditos". Cinema de massas para intelectuais, eis o apetite paradoxal do novo cinéfilo, isto é, do novo snob.
Kamp e Levi gozam com os snobs cinéfilos porque são uns snobs cinéfilos. Não tinha graça nenhuma se não fosse assim.»