Nas florestas do Morvan, longe de tudo e de todos, vivem pequenas comunidades de lenhadores, de boieiros, de homens que fazem deslizar os toros de madeira cortada ao longo dos rios, gente que a floresta talhou à sua imagem, à medida da sua solidão e da sua dureza.
Até mesmo o amor toma, entre eles, o aspecto da cólera, de uma angústia que nada parece poder serenar.
É assim por excesso de amor que Corvol, o rico proprietário da região, degola Catherine, a mulher bela e sensual com quem casara, à beira do rio.
Que a loucura, uma loucura suave, toma conta de Edmée Verselay, que vive para adorar a Virgem Maria.
Que Reinette sucumbe a uma fome que nenhum alimento jamais saciará.
Que Ambroise Mauperthuis se torna no próprio rosto da fúria, para vingar Catherine, pela qual secretamente se apaixonara.
Dias de Ira vem revelar aos leitores portugueses a obra daquela que é, porventura, a mais extraordinária escritora francesa dos nossos dias.
Aquando da sua publicação este romance foi galardoado com o prémio Femina.