"Quem esperam os leitores encontrar nos Diários Íntimos"? Intimidades. Confissões. De quê?
Do estado psíquico do confessando (a quem se exige a frialdade cruel do bisturi)? Se vive alegre, triste ou morto? Amargurado ou feliz?
Se ama ou desama? Se isto ou aquilo? Se nada ou coisa nenhuma? Mas que sabe uma pessoa de si mesma?
Hesitações. Tropeços. Trevas misturadas. Falta de olhos para ver as sombras. E serão sombras? Ou ocultação de portas para novas luzes? E os outros? Que pensa dos outros? Ousa denunciar a hipocrisia diária dos amigos? Ousa expor as intrigas de teias de aranha dos sorrisos da convivência?
Ousa DIZER?
Ora o Diário Íntimo para mim não é isto (embora não me repugne aceitá-lo na concepção dos vizinhos). É sobretudo a continuação mole do diálogo informe do dia-a-dia comigo mesmo, o monólogo não-artístico de remoer nuvens, às vezes com dentes de punhal - mas alheio à preocupação de pesquisar a verdade no segredo de mim guardado por um Dragão sujo."