Nora Rute é uma personagem de romance e, ao escrever o seu diário, vai escrevendo, no desconhecimento do que virá a seguir, o seu próprio romance. Ao mesmo tempo, acrescenta-lhe o registo de acontecimentos e usos que marcaram um ano (1969) desde a chegada do Homem à Lua à moda da minissaia, das manifestações estudantis a guerras em África, aos bares e cafés de Lisboa.
Narrativa de marcada originalidade, O Diário Oculto de Nora Rute coloca os leitores no caminho irrequieto de uma jovem que desafia as regras, as de uma sociedade machista de um pai austero. Predominam as personagens que são membros da família, não só uma misteriosa tia Nanda, a prima Mé mas um quase desconhecido que parece ter conquistado, em definitivo, o amor de Nora Rute. E um primo ribatejano que lhe revelará o reverso das luzes e sombras da cidade.
Ao colocar-se na sua mente de uma forma travessa, Mário Zambujal, sem abandonar o seu estilo próprio de escrita, incorpora-o no espírito e na conduta de uma jovem que descreve no seu diário a agitação dos seus dias.