Os textos africanos e afro-americanos em diálogo são conversas do eu e desvelam uma memória literária, reveladora de cumplicidades que esbatem os limites culturais e disciplinares. Os discursos das diásporas africanas modernas permitem uma diagnose da imbricação cultural entre a Europa, a África e as Américas, também esclarecedora dos nacionalismos africanos. O presente texto escuta e mostra os diálogos artísticos transatlânticos dos movimentos New Negro, Harlem Renaissance e Jazz Age, bem como levanta uma linha de líderes políticos afro-americanos, de Frederick Douglass a Martin Luther King, tratados em contraponto comparatista com as figuras de Nelson Mandela e de Eduardo Mondlane. O longo caminho para a liberdade de que fala Mandela, bem como os esforços da sucessão política apontada vêm iluminar a realidade de Barack Obama. O trabalho efectuado sobre este corpus literário autobiográfico, proferido por identidades fronteiriças, frutos de culturas em contacto, é potenciador de acção pedagógica no tempo contemporâneo, perante os desafios da pós-colonialidade, por contrariar gestos culturais essencialistas.