Angola: Muxima, desenho e texto tem, neste texto polifónico, um objetivo limpo e claro: expressar pelo desenho de um urban sketcher e pelo texto localizado de um natural, os multímodos com que os angolanos constroem a nação angolana.
Esta nação é hoje o resultado transcultural de uma mobilidade intensa que a História testemunha. O legado africano bantu e não bantu, as realidades pluriétnicas em convivência, a influência da longa presença colonial portuguesa e brasileira e o resultado da vontade de ser Nação afirmam uma identidade plural, como desejavam os nacionalistas e o Presidente Agostinho Neto: um só povo, uma só nação, sempre plural.
Os autores, Luís Mascarenhas Gaivão (texto) e Luís Ançã (desenho), estiveram 15 dias mergulhados sociologicamente em Luanda e nos seus municípios. E construíram esta homenagem, pelo desenho natural que finta o turístico e o convencional e pelo texto que fala "aluandado", à natureza e humanidade dos irmãos angolanos. Aprenderam com eles como se constroem sonhos, como se conquista a vida, dura, implacável, mas com o trunfo secreto da alegria e do recomeço. Por isso, é um texto de amor, que, tal como o tempo africano, nunca acaba e se prolonga nos corações que também os cazumbis vêm ocupar.
"Escrita que se desenha e desenhos que se escrevem num livro que entrega a arte à nossa calma, fantasia e paz."
Manuel Rui