Hoje Marguerite Duras, de Moderato Cantabile e de A Dor, de O Vice-Cônsul ou de O Amante é possivelmente, o nome mais marcante e pessoal da literatura francesa. Já se disse de Duras que ela é a precisão da escrita — mas também se pode dizer que o seu trabalho de escrever transmite uma nitidez obsessiva, um desencanto mágico, talvez uma «dor branca», para nos situarmos no âmago de uma tarefa de comunicar através da palavra, que parece romper a espaços, da maneira mais magoada, a própria incomunicabilidade do destino humano.
Situado cronologicamente entre Moderato Cantabile e A Ausência de Lol V. Stein, Dez Horas e Meia numa Noite de Verão é o relato alucinado de um grupo de pessoas em viagem de férias pela Espanha. O que por aqui se passa, neste autêntico trabalho de angústia, desespero e solidão, é Duras do mais puro e acutilante, entre a agilidade e o rigor das observações, num plano literário verdadeiramente superior.
Um livro raro.