Jovem e bela, Rania al-Baz era uma estrela da televisão saudita, onde apresentava um popular programa. Um percurso inédito num país onde as mulheres têm tanta dificuldade em seguir uma carreira. Para todas as suas semelhantes, Rania representava uma esperança de progresso, porque lhes desbravara o caminho.
Ora, foi precisamente isso o que o seu marido não conseguiu suportar. Doentiamente ciumento, multiplicou as cenas de violência até que, no dia 4 de Abril de 2004, a agrediu ainda mais violentamente do que o habitual, desfigurando-a, antes de a deixar, moribunda, à porta de um hospital e de se pôr em fuga.
Após quatro dias de coma e treze operações para tentar recuperar as suas feições, Rania veria a sua terrível provação difundida pelos meios de comunicação do mundo inteiro, preocupando as próprias autoridades da Arábia Saudita. O que à partida era um pequeno acontecimento transformara-se num autêntico assunto de Estado. Nestas páginas, Rania fala-nos das questões que a condição da mulher nos países muçulmanos levanta e relata-nos o seu calvário e a sua luta, sem nunca condenar o Islão e a sua terra natal. Reside aí a particularidade deste livro: mostrar que nesses países conservadores, as mulheres podem e devem ser tratadas como seres humanos em toda a acepção da palavra, sem que, para tal, tenham de renegar as suas origens e religião. Um livro corajoso e inteligente que abre uma porta à esperança.