Cada nova estação do ano parece trazer consigo um novo catálogo: uma lista interminável de gadgets, roupas, eletrodomésticos, brinquedos, acessórios para o lar e para nós mesmos, uma quantidade imensa de coisas que temos uma vontade indomável de possuir.
Mas na estação seguinte, todas as coisas novas e divertidas se transformam em «tralha» que acumulamos desnecessariamente na nossa casa - e nas nossas vidas.
Dave Bruno era um tradicional pai de família que, em 2008, se apercebeu da quantidade de coisas inúteis que tinha amontoadas em casa. Sentindo-se sufocado por este excesso de «tralha» e sentindo a necessidade de criar espaço na sua vida para cultivar coisas mais importantes (aquelas que não se podem comprar nem se transformar em «tralha»), decidiu submeter-se a um desafio: viver com apenas 100 coisas - ou seja, reduzir todas as suas posses materiais a 100 objetos.
Ao longo deste processo, Dave aprendeu muito acerca de si próprio e acerca dos limites da natureza humana. Que tipo de satisfação nos traz o consumo de objetos materiais? Porque desenvolvemos impulsos de posse em relação a eles? Será possível que emoções tão fortes como a segurança e a autoestima estejam ligadas a este sentimento de posse? E se tivermos mesmo que escolher que coisas ter na vida, será que faremos as escolhas certas?
Um livro deveras provocante que nos convida a fazer uma profunda «limpeza» ao espaço em que vivemos - e a repensar a forma como vivemos.
Excertos:
«Chamo-me Dave Bruno. Ao longo de vários anos descrevi-me como um “andarilho inquieto”. Até que comecei a ler os livros de Wendell Berry e passei a dizer que sou um “andarilho inquieto na minha casa.” A favor de uma vida simples, desenvolvi o movimento “Desafio das 100 coisas”, um projeto para nos libertarmos do consumismo. Em 2004 ajudei a fundar a ChristianAudio, uma empresa de audiolivros, mas quatro anos depois vendi a minha parte. Sou muito feliz ao lado da minha linda mulher, que além de leitora e crítica dos meus livros é uma excelente cozinheira: aqueles biscoitos de manteiga de amendoim enrolados em açúcar e com lascas de chocolate… são de criar água na boa! Temos três filhas maravilhosas. Adotamos um cão e três gatos. Um dos gatos ainda está vivo. Temos também um porquinho-daíndia. Oh, há ainda três periquitos, hamsters e peixes.»
«Falamos da boa vida ou do sonho americano, como que se fosse a linha de chegada de uma corrida. Dizemos que “alcançámos o sonho americano”, dizemos que “temos uma vida boa”. No entanto, através da minha experiência, pelo menos nos nossos tempos, a vida boa ou o sonho americano são mais obsoletos do que obtidos. Compramos coisas, ano após ano e de forma continua, sempre à procura de contentamento. A minha impressão é de que nos dias de hoje, a substituição é emblemática mais através dos nossos sonhos do que através da nossa propriedade. Esta é uma curiosidade, pois é infinito o querer adquirir as coisas certas para medir poder mediar a distância de uma vida boa. Estamos sempre quase a chegar mas nunca conseguimos lá chegar.»
Críticas de imprensa:
«Uma reflexão acerca do processo de abandonarmos as coisas de que não precisamos, que inspirou já milhares de pessoas a viver com menos “tralha”.»
Time Magazine