A consciência é o ponto de partida e o ponto de chegada da Fenomenologia. Nada há que ela atinja para lá de si nem é atingida por algo fora de si. Não existe além do seu visar intencional livre qualquer instância espiritual transcendente nem uma realidade material de que seja o efeito ideal. Neste ensaio procura dar-se ao leitor a possibilidade de descobrir na Fenomenologia uma tentativa, na esfera rarefeita da especulação, de denunciar no homem actual um ser que se moldou a si mesmo à medida de uma máquina de produção e de consumo, um ser que deve, e é capaz, de voltar à percepção original de si e das coisas, redescobrindo-se como criador da sua existência, assim como da sua miséria, nomeadamente através das artes - aqui sublinhadas no seu papel - enquanto imagem da sua consciência livre. Mas este ensaio é também uma crítica da disposição especulativa da Fenomenologia, da inversão por ela elaborada das razões da alienação humana, e uma crítica geral à ineficácia de qualquer teoria que não se ancore na prática. É por isso um texto duplamente fora do texto.