«a primeira imagem do Diário não é, para mim, o repouso na vida quotidiana, mas uma constelação de imagens, caminhando todas as constelações umas sobre as outras.
Qualquer aprendiz imagético, quando sobe ao meu quarto e atravessa o meu escritório, tem o sentimento de que "um belo lixo de imagens se criou aqui". Se for menos inocente dirá: "que belo luxo de imagens". Eu diria: aqui está a raiz de qualquer livro.» (Maria Gabriela Llansol)
«Os Livros de Horas que agora começamos a editar, a partir dos cadernos manuscritos do espólio de Maria Gabriela Llansol, representam a concretização de um projecto que nasceu das nossas últimas conversas com a escritora, entre finais de 2007 e início de 2008.
Foi nessa altura que Llansol nos deu a conhecer um primeiro núcleo de setenta "cadernos de escrita" (a que se acrescentariam mais seis, descobertos mais tarde), por ela própria numerados a partir de 1974, manifestando então o desejo de começar a transcrever deles, por ordem cronológica, os textos diarísticos que iriam integrar o livro que se seguiria a "Os Cantores de Leitura", e a que daria o título genérico de "Livro de Horas". Este título reflecte, assim, uma das últimas vontades de Maria Gabriela Llansol.»
João Barrento e Maria Etelvina Santos