A explicação mais corrente para a eclosão da Primeira Guerra Mundial retrata a Europa como um campo de minas do nacionalismo, que apenas precisava da mais leve pressão para despoletar uma explosão de paixões que iria dilacerar o continente. Mas, numa reanálise decisiva do eclodir da violência, Michael Neiberg mostra que os Europeus comuns, diferentemente dos seus dirigentes políticos e militares, não queriam nem esperavam a guerra durante o Verão fatídico de 1914. Exercitando o seu olhar nas formas como as pessoas exteriores aos corredores do poder reagiram ao rápido início e à escalada dos combates, Neiberg afasta a ideia de que os Europeus eram nacionalistas raivosos ávidos de uma carnificina. Em vez disso, traz à luz um conjunto complexo de fidelidades que intersectava as fronteiras nacionais.
Neiberg passa em revista cartas, diários e memórias de cidadãos comuns de toda a Europa para mostrar que o início da guerra foi sentido como um acontecimento súbito e inesperado. Enquanto iam vendo uma crise diplomática menor explodir num banho de sangue à escala do continente, esses cidadãos exprimiam choque, repulsa e medo. Mas quando os arranjos entre os governos beligerantes começaram a desfazer-se sob o peso do conflito, a desilusão geral não tardou a seguir-se. Contudo, foi só depois de os combates ganharem o seu próprio ímpeto horrível que os ódios nacionais vieram à tona sob a pressão de ameaças em escalada mútua, de atrocidades bélicas e de uma intensa propaganda dos governos.