D. Pedro II (1648-1706) governou Portugal durante 39 anos, primeiro como regente (1667-1683) e depois como rei (1683-1706). Dotado de um carácter incerto, tanto podia ser muito piedoso e devoto, afável, bondoso e clemente, como colérico, tímido, taciturno e melancólico, talvez mesmo depressivo. Mostrando grande força e enorme destreza física, gostava de assistir a exercícios militares e de participar em jogos, sendo um bom cavaleiro, toureiro e caçador. Moderado na alimentação e abstémio, era-o um pouco menos no vestuário e muito menos em tudo o que dizia respeito ao luxo e ao conforto doméstico. Toda a vida teve como grande fraqueza o sexo feminino e muitas terão sido aquelas cujos leitos conheceu. Gerou certamente muitos mais bastardos do que os três que reconheceu. Casou duas vezes, sempre por razões políticas como, aliás, era natural nos chefes de Estado. Se, do primeiro enlace, apenas nasceu uma filha, já o segundo lhe permitiu gerar sete filhos. Ao longo das quase quatro décadas em que governou Portugal, celebrou-se a paz com a Espanha, deu-se o reconhecimento papal da Restauração, ocorreu a política manufactureira do conde da Ericeira, descobriu-se o ouro do Brasil e consolidou-se a aproximação à nova grande potência da Europa, a Inglaterra, quer com a entrada de Portugal na Guerra da Sucessão de Espanha quer com a assinatura do tratado de Methuen.