Gabriel Alvarez nasceu numa pacata aldeia do litoral estremenho. Aí recebeu uma educação ministrada a preceito pelo avô materno, que fez daquele neto o repositório dos valores que o conduziram ao longo da vida conturbada.
Mas a evolução da existência de Gabriel revela-lhe tremendas surpresas. Um mundo diferente espera por si a partir do momento que abandona Venteira, a aldeia natal.
A adaptação à vida de Lisboa, a primeira paixão, a confrontação com um universo novo onde se vê deslocado, transformam-se numa sequência de episódios que irão desembocar na horrível experiência da guerra colonial. No meio de um jogo de vida e morte, Gabriel depara com o seu ego verdadeiro, e com os demónios que lhe assaltam a alma – cruzes sempre presentes no seu horizonte. Entretanto, consolida uma estranha amizade com o amigo David, um jovem artista excêntrico que se irá tornar no mentor ideológico daquilo que Gabriel gostaria de ser mas não pôde.
O regresso da guerra, após o 25 de Abril de 1974, faz Gabriel deparar com uma sociedade militante com que não contava. Segue-se a adaptação, os primeiros empregos e a descoberta do amor, de que resultará o nascimento da sua filha adorada.
Depois, o horror de assistir ao desmoronar daquela que julgava a obra da sua vida – o casamento com a mulher que ama, que vai enlouquecer. Resta-lhe Teresa, a filha que representa a sua única razão de viver.
Desempregado e cansado de uma existência deprimida, decide voltar a Venteira, a sua querida aldeia, para uma derradeira visita ao passado onde fora feliz. Aí irá descobrir uma caixa misteriosa, e com ela a motivação para insistir em estar vivo. E, depois, redescobrirá o amor que julgava já não estar ao seu alcance.