Ricardo da Cruz-Filipe apresentou os seus trabalhos pela primeira vez, em 1957, numa mostra realizada na Galeria Pórtico. A partir de 1966, expõe com regularidade.
Em 2001, na exposição concebida para o Museu de Arte Antiga, confrontou-se com Jacopo Pontormo em Retrato de Alexandre de Médicis; decidiu uma obra, «uma realidade nova, talhada a partir de uma matéria-prima que é a imagem, a imagem na pintura e o corpo da pintura melhor». Os primeiros trabalhos revelam uma familiaridade com as linguagens vigentes à época, referindo igualmente uma postura, herdeira da tradição modernista europeia: cubismo - escalonamento de planos; dadaísmo - colagens e fotografias intermitentes; surrealismo, imagética do paradoxo que homenageia René Magritte - Écoute distante (76/77), L Ombre des ailes I (105/80) - entre outras remissões do século XX. Mas, o seu projecto inaugural radicou na duplicidade técnico-artística, onde pintura e fotografia se tornaram cúmplices; ambas se superam e revigoram, através das remissões e fundamentos históricos, advindos da própria história da pintura ocidental.