Publicado pela primeira vez em 1961, encontramos neste livro uma expressiva influência que sobre ele teve João Cabral de Melo Neto, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos e outra das vozes maiores da língua portuguesa. No prefácio de Rosa Maria Martelo a esta edição podemos ler que «[…] O Cristo Cigano é um livro absolutamente singular no conjunto da poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, ao que não será alheio o facto de ter sido escrito sob o signo do encontro da autora com um poeta que também tinha a paixão da geometria e do concreto e a mesma solidariedade com o sofrimento humano.»
V
O AMOR
Não há para mim outro amor nem tardes limpas
A minha própria vida a desertei
Só existe o teu rosto geometria
Clara que sem descanso esculpirei.
E noite onde sem fim me afundarei.