«O Crime de Lord Arthur Savile coloca-se com muita graça para lá do Bem o do Mal. Trata-se da história de um assassínio, mas o ato é perpetrado num mundo que, pela sua própria frivolidade, não é menos irreal do que aquele, deliberadamente fantástico, das Mil e Uma Noites. Para acentuar esta semelhança, todo o conto, que se desenrola numa Londres onírica, se rege pelo conceito islâmico de Destino. O tema de O Fantasma de Canterville pertence ao romance gótico, mas, felizmente para o leitor, o seu tratamento não. Nesta divertida história, os americanos não levam a sério o fantasma, e nem os leitores nem Wilde levam a sério os americanos. O Príncipe Feliz, O Rouxinol e a Rosa e O Gigante Egoísta são contos de fadas concebidos de um modo sentimental que faz lembrar Hans Christian Andersen, porém embebidas daquela ironia melancólica que é atributo peculiar de Oscar Wilde.»
Jorge Luis Borges