«Espectador do mundo, viu muitas coisas e delas se maravilhou. Foi, num país de literatos maldizentes e ensimesmados, um ser convivente. Celebrou a família e deu provas de coragem na doença e na adversidade. E, sem ideologia que o limitasse ou lhe impusesse sujeições, não teve outro partido senão o de Portugal. Daí que ele possa terminar o terceiro volume das suas Memórias com estas nobres palavras: «Ainda, nesta narrativa, quedo longe dos dias actuais. Chegarei alguma vez a atingi-los com o meu depoimento, desvalioso mas sereno? Sereno apesar dos golpes tremendos que me feriram na sensibilidade lusíada, na fazenda e na própria carne retalhada? Sereno sim, porque isento de de ódios, de invejas ou de mesquinhez. Possam as minhas palavras guardar alguma altitude, aquela em que eu tenho procurado manter a trajectória da vida, pisando o caminho que foi o de meu pai."»