Inspirado na infância da autora, O corpo em que nasci é a história de uma menina com um defeito de nascença num olho. A sua vida, durante os anos setenta, é influenciada pela sua escassa visão, mas também pela ideologia dominante nessa época: o casamento aberto dos seus pais, a escola activa, as comunas hippies e a liberdade sexual. As diferenças físicas e psicológicas que a distinguem levam a protagonista a identificar-se com os seres que vivem à margem das modas e das convenções sociais. Escrito como um solilóquio no divã de uma psicanalista, a narradora faz-nos participar das suas recordações mais íntimas e das interpretações que faz da sua própria vida. Trata-se de uma história cheia de sentido de humor, mas também de realismo, na qual o mundo infantil se mostra muito mais ominoso do que à primeira vista parece. Um romance de iniciação à vida e à literatura, um bildungsroman entre a América e a Europa, nas suas facetas menos óbvias. O exílio sul-americano, a migração do Magrebe, as prisões da cidade do México constituem parte do contexto deste comovedor romance que percorre o caminho de volta à dignidade e à aceitação de si mesmo.