Excertos:
«Muito do êxito popular de O Coronel Chabert terá ficado a dever-se à singularidade da sua história mas também à ausência do largo preâmbulo, frequente em Balzac, que enquadra com mão lenta as personagens no seu ambiente paisagístico, social e humano retardando, e atirando para muitas páginas adiante, o que é movimento essencial da acção. Odrama de Chabert, com superfície percorrida a pena rápida e sobressaltado por uma situação matrimonial jurídica e emocionalmente complexa, é mais ao fundo o drama do homem da guerra que uma cultura militar despreparou para as leis e os valores de um mundo de paz. Destituído de patente, destituído da farda, Chabert só tem dentro de si o homem ferido e sem defesa que se suicida à luz da lei, sua única e cómoda saída num mundo de regras incompreensíveis e que ele não tem meios para contrariar; um acto que apenas será de generosidade absurda e sem valor na sociedade dos homens defendidos pela Lei civil.»
Aníbal Fernandes, na Introdução