Manoel de Oliveira é "o nosso caso". Um caso sério. De trabalho. De persistência. De inteligência rara. De permanente surpresa. De genialidade. Este homem, que atravessou o século, é o único cineasta vivo e em actividade que vem do cinema mudo. Com quarenta filmes que lhe valeram já quase uma centena de prémios, várias retrospectivas e estudos sobre as suas obras, publicados sobretudo em França ou na Itália, Manoel de Oliveira é ainda presença constante nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo. O seu último filme estreado entre nós, "Vou para Casa", com Michel Piccoli no papel principal, foi distribuído em mais de 20 países. Chega agora às salas "Porto da Minha Infância" e o realizador já tem quase pronto "O Princípio da Incerteza", baseado no romance "jóis de Família", de Agustina Bessa-Luís, e prepara-se para rodar ainda este ano um novo filme. É sobre esta carreira e vontade imparável que se discorre nestas suas conversas com Antoine de Baecque e Jacques Parsi, publicadas originalmente pelos Cahiers du Cinema, onde o cineasta "fala da sua vida, dos seus filmes, do cinema, dos homens e das mulheres que o marcaram e influenciaram".